domingo, 22 de outubro de 2017

Refutando meme Chaplin ateu, Hitler católico

Por Fernando Nascimento

Circula na Internet a meme abaixo, atribuindo Chaplin como ateu e Hitler como católico:



Há dois grotescos erros anti-históricos nessa meme atea, que também é muito difundida por seitas protestantes para atacar os católicos. Lógico que religião não define caráter, e ser ateu não é garantia de se ter bom caráter, como notado na má fé e desonestidade verificada nessa meme atea.

Refutemos então a falta de caráter do ateu que a forjou e as dos integrantes de seitas protestantes que a difundem:

1- Chaplin não era ateu, mas agnóstico. Ele cria numa “Força Suprema.”
De acordo com seu filho, Charles Chaplin Jr., em seu livro “Meu Pai, Charlie Chaplin” (inédito no Brasil), seu pai haveria afirmado:

“Eu não sou um ateu […] Eu sou definitivamente um agnóstico. Alguns cientistas dizem que se o mundo fosse parar de girar nós todos desintegraríamos. Mas o mundo continua girando. Algo deve estar segurando a todos nós no lugar […] Alguma Força Suprema. Mas o que é, eu não poderia te dizer.” [1]

Chaplin, no seu filme “O grande ditador” (1940), usou exatamente o décimo sétimo capítulo de São Lucas, na Bíblia, contra as sandices de Hitler dizendo: “O reino de Deus está dentro do homem. Não em um homem nem de um grupo de homens, mas em todos os homens, em você!”  - Veja aos 2min e 25seg do vídeo abaixo. https://www.youtube.com/watch?v=PUusOlo3fy4

Logo, ateu não sai por aí dizendo que Deus está dentro de todos os homens.


2- Hitler não era católico.

Existe uma afirmação de que Hitler se converteu ao protestantismo, de acordo com o Secretário Nacional Klundt, em 25 de abril de 1933, em Königsberg. Isso nunca foi negado pelo Ministério das Comunicações alemão. [2]

A Igreja já havia excomungado todo o nazismo, seus líderes e o católico que dele participasse, desde 1930, 3 anos antes de Hitler subir ao poder e 9 anos antes de Hitler iniciar a Segunda Guerra Mundial. A Fundação Judaica Pave the Way Foundation (PTWF) confirma isso, veja: http://fimdafarsa.blogspot.com.br/2015/09/fundacao-judaica-encontra-documentos.html

Tanto é verdade que a excomunhão já havia ocorrido que a Fundação Judaica Pave the Way Foundation (PTWF), afirma nesse documento:

“Indignados e furiosos pela excomunhão emitida pela Igreja católica, os nazistas enviaram Hermann Göring a Roma com a petição de audiência com o secretário de Estado, Eugenio Pacelli. No dia 30 de abril de 1931, o cardeal Pacelli recusou se encontrar com Göring, que foi recebido pelo subsecretário, Dom Giuseppe Pizzardo, com a missão de tomar nota de tudo o que os nazistas pediam.

Em agosto de 1932, a Igreja católica excomungou todos os dirigentes do Partido Nazista. Entre os princípios anticristãos denunciados como hereges, a Igreja mencionava explicitamente as teorias raciais e o racismo.

Também em agosto de 1932, a Conferência Episcopal Alemã publicou um documento detalhado em que se davam instruções de como se relacionar com o Partido Nazista. No documento, publicado pela Conferência Episcopal Alemã, está escrito que era absolutamente proibido aos católicos ser membros do Partido Nacional-Socialista. Quem desobedecesse seria imediatamente excomungado.”

Diante dessa veemente repulsa católica ao Nazismo, coube a Hitler "santificar" o nazismo nas igrejas protestantes que tanto o apoiavam.

Abaixo vemos um registro histórico importantíssimo, descoberto no Diário de Goebbels, Ministro das Comunicações do III Reich. (Clique nas fotos para ampliar)



A seguir vemos Hitler saindo de uma Igreja luterana, a Christus-und Garnisonkirche der evangelisch-lutherische Kirchengemeinde in Wilhelmshaven.



Todas as cerimônias religiosas realizadas ou frequentadas por Hitler foram em igrejas protestantes luteranas ou calvinistas.




Logo, católico não vive permanentemente em cultos e cerimônias protestantes, sem nunca pisar numa Igreja católica.

Por fim, Hitler acabou por fundar sua própria igreja protestante. Para saber qual era a “igreja” de Hitler basta acessar este link, ou dar um pulinho na Alemanha:


Fimdafarsa.

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[1] Charles Chaplin, Jr. Meu pai, Charlie Chaplin. Pg 239-240.

[2] Friedrich Baumgärtel, wider die Kirchenkampf Legenden, Neuendettelsau, 1959.